segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Não nos questionamos


Não nos questionamos, porque simplesmente receamos, porque o medo de não saber é maior do que a humildade de o reconhecer.
Reconhecer que não sabemos, é tarefa árdua para quem não está disposto em admitir que não sabe. Num mundo onde todos julgam saber, não saber é para fracos. É preferível julgar que sabemos do que admitir que não sabemos.
Mas o que julgamos nós saber? Mesmo nesse julgamento o homem esconde a interrogação sobre o mesmo, por outras palavras o que ele julga saber é para ele suficiente e basta, o que ele julga saber não é para ele alvo de interrogação, de introspecção.

O Homem escolhe assim a ignorância, que se esconde por detrás de um “julgar que sabe”, para a honestidade de quem reconheceu que não sabe.
A verdade é que o Homem não sabe, jamais saberá, contudo a Vida no Homem pode sim saber, saber o quê? Saber o que é a Vida, saber quem somos, e porque somos?

Mas quem quer saber e porquê saber? Que benefícios ou que mais valia terá a Vida nele próprio em saber? Será que a Vida que SOMOS, pode muito bem revelar tais respostas?

São muitas as questões? Que quando admitidas, se inicia um processo de auto Consciencialização.
Mas quantos? E quem está realmente disposto a faze-lo? A ser definitivamente humilde e honesto o suficiente para iniciar essa descoberta. Falo em descoberta pela simples razão que a Vida não se esconde nem foge, ela apenas “É”. Se assim é, então onde estão as respostas a tantas perguntas? Será que estão na Vida? Pois ao olho de todos nós só a Vida existe.
Uma vida que existe dentro e fora de si.

Fomos ensinados que a Vida está no exterior, que o objectivo se encontra fora, que a solução se encontra no manifesto, tudo o que possamos querer saber está fora de nós e não dentro.

Para muitos o dentro nem existe, o que é isso de dentro? Será que o dentro é também ele um outro Mundo, um mundo o qual temos vindo a ignorar toda a nossa Vida? Enfim, dentro de mim vejo sentimentos, emoções, pensamentos, e um infinito fluxo de acontecimentos. Que importância têm eles na minha Vida? O que significa um pensamento para mim, que valor têm um pensamento, e quem atribui esse valor? As emoções, o que são realmente emoções, sentimentos? De onde provêm?
Enfim são inúmeras as questões, questões legitimas de quem reconheceu a humildade de que não sabe.

Osho disse um copo cheio jamais terá espaço para o novo, assim é com quem julga que sabe, seu copo está cheio, não existe espaço para o “saber” ser revelado.

Viver a Vida


Eis uma questão que é legitimo colocar a nós mesmos, estarei eu a Viver a Vida, estará a Vida a Viver em mim, o que é Viver a Vida? Será viver a Vida sinónimo de angústia, esforço, sacrifício, conquista, aborrecimento, preocupação, ou será a Vida felicidade, naturalidade, espontaneidade, criatividade, surpresa, emoção, curiosidade, abertura, novidade?

Os sábios os mestres de uma forma outra mencionaram o paradigma “SER, fazer, e ter”. Um paradigma porque contraria o actual modo adoptado pelo Homem de viver a Vida.

O Homem actual Vive a sua Vida de forma inversa “Fazer, ter, e SER”, o estado de SER na sua vida passou para ultimo plano, Isto porque a forma pelo qual ele rege Vida é em prol um Objectivo, e abdicando ele mesmo de SER o Objectivo.

Foi nos ensinado que para seremos alguém na Vida temos que trabalhar, conquistar, adquirir, alcançar e vencer, foi então estipulado que a Felicidade o Objectivo se encontra fora de nós e não dentro.
Uma distância foi criada, entre o sujeito e o objectivo a alcançar, com isso surge a dependência desse mesmo objectivo, e o medo de fracasso de não ser bem sucedido.

O modelo a ”Fazer, ter e SER” diz que o Homem primeiro têm de fazer algo, para conquistar esse mesmo algo, para só depois usufruir desse algo e assim SER.
O Ser encontra-se auto-condicionado pela crença ilusória, que para Seremos temos que necessariamente ter algo.

O João trabalha toda a sua Vida em prol de um Objectivo, o de conseguir umas férias junto com a sua família, ele vive de forma fugaz árdua e com sacrifício, para conseguir o dinheiro que proporcionará as respectivas férias.
Durante este período o João Vive convicto que primeiro têm de “fazer - trabalho” para depois “obter – dinheiro” para então conseguir as férias que finalmente proporcionam o “SER - Feliz”.

Todo o processo conduz o João a uma Vida de luta angustia preocupação e stress, abdicando da Vida do momento do Aqui do Agora em prol de um Objectivo, o dinheiro as férias o “tempo – futuro”, ele vive pensando no Objectivo, ele Vive de forma carenciada.

Porém este modelo de Vida pode Ser invertido, o João pode “SER” primeiro para depois “Fazer” e finalmente “Ter”.
Como é isso possível? Seguindo o seu Coração, estando Feliz Aqui e Agora e não apenas e só apenas nas férias. O João pode optar por Viver já AGORA neste momento de forma FELIZ, isto porque a felicidade é um estado de SER e não de ter.
O João pode ser taxista, e enquanto desempenha suas tarefas ele pode o fazer de forma Feliz, quando fala com um cliente pode falar com um sorriso nos lábios de forma aberta e genuína, tudo porque o momento é genuíno mágico e único, ele pode Viver esse estado de Originalidade e de magia, partilhando assim com tudo e todos. E se por alguma razão ele não está feliz com o seu trabalho, com o que faz, então muda, e segue o seu Coração, segue o instinto interior aquele instinto que o faz vibrar e SER feliz, segue o seu sonho.

Quando seguimos o Coração, quando estamos em sintonia com nós mesmos, a Vida que somos revela-se, o estado de SER feliz é então natural.
O João inverte assim o modelo, optando primeiro por ele mesmo, por SER agora Feliz e não amanhã, ele se entrega ao Presente momento de forma a Viver a uma Vida Consciente de que a Felicidade não se conquista mas apenas se VIVE.

O Fazer será também espontâneo e natural, o João trabalha agora de forma fluída sem se preocupar com o objectivo, ele Vive e saboreia o Momento na totalidade, por fim virá o fruto “ter” o resultado natural de quem não se impressionou em ter mas sim em apenas “SER”.

A Vida é sinónimo de abundância, toda a Natureza assim o demonstra, Viver FELIZ, SER Feliz, é SER um com essa abundância. A Vida jamais privará a ela mesma SER feliz e SER abundante.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Importante...


De repente tudo na vida se tornou importante, o Homem assim o projectou, a compra de uma casa, a relação com os amigos, os compromissos, os negócios, o telefonema, o fax, a prestação que ficou por pagar, o banco, o seguro, as noticias que vimos no jornal, o que o próximo disse de nós, o que o outro pensa de nós, o que nós pensamos do outro.
Tudo passou a ser importante, de tal forma que o mais importante foi ignorado, um paradoxo para a mente, mas não para o Coração. A importância aniquilou-se a si mesmo, esqueceu de facto o mais importante.

O que é mais importante? O que é realmente importante para a Vida senão a própria Vida? E o que é a Vida? Onde podemos nós encontra-la senão no Presente momento no Aqui no Agora.

O mais importante para a Vida é ela mesmo, é o momento onde ela se cria se expressa se torna experiência e se auto conhece. É apenas neste momento que a Vida torna a sua vontade realidade, é Aqui e Agora que a Vida ri, chora, grita, ama, corre, pula, vibra, canta, dorme, comunica, VIVE, escreve, e lê estas palavras.

Tornar tudo importante excepto o momento, é esquecer a Vida, é esquecer o momento, é abdicar do sonho, da vontade da Vida em se conhecer a ela mesmo, em prol de um tempo que teima em auto persuadir-nos, em distrair-nos, em fazer-nos esquecer que somos essa VIDA.

Tornar tudo importante, excepto o momento, é ignorar a Vida mágica que acontece no momento, é acreditar que só amanhã se vive, só amanhã seremos felizes. É esquecer que a felicidade é algo que não se busca, mas que se VIVE, no Aqui no Agora.

Tornar tudo importante excepto o momento, é não acreditar na plenitude da Vida, é não acreditar em si mesmo, no seu Coração, na vontade legítima de SER feliz Aqui e Agora. É mergulhar na ilusão que a vida será melhor amanhã e não Agora, é pensar e julgar que a Vida vive-se no pensamento, e que depende de algo para se concretizar e realizar. A Vida jamais necessita ou depende de algo para SER feliz, excepto de si mesmo, da própria Vida.
Uma Vida que é Você, você só depende de você, nada mais é importante, excepto você, e você só “É” você Aqui e Agora.
Ausentar-se do momento é esquecer o momento, é esquecer-se de si como Vida que “É” e mergulhar num pensamento que o projecta para fora do momento, onde o que é mais importante é o amanhã, e não você.

Quando vivemos o Aqui o Agora o mais importante é revelado, como algo óbvio e inato á própria Vida. Não é esquecer ou ignorar o amanhã, as obrigações, os compromissos, é reconhecer tudo isso, mas não viver tudo isso, é aceitar tudo isso, mas não SER tudo isso.

A Vida é, foi, e sempre será o mais importante, porque sem o momento sem o Aqui e Agora não existe Vida, não existe palco para o Homem criar, viver, não existe ilusão e realidade, não existe a possibilidade de pensar ou especular.

Não existe o Amor por si mesmo pela VIDA.