domingo, 19 de abril de 2009

Porque razão existe o sofrimento?

Porque razão se sofre mais quando se opta conscientemente por crescer espiritualmente? O sofrimento está aliado à falsa crença na separação, o que por sua vez criou a necessidade e a carência, por outras palavras o (ap-ego).

Já foi dito que a ilusão é utilizada de forma a despertar o individuo, é um paradoxo, mas é através da ilusão que o Homem se auto descobre, através do sofrimento. Porém a maioria dos Seres Humanos, tendam a não admitir, evitar, ignorar o sofrimento e com isso encara-lo de forma lúcida.

Quando aceitamos o sofrimento, tendemos assim a dar espaço à energia, permitimos a sua fluidez e não estagnação, com isso é nos possível visualizar, observar e contemplar o sucedido. Quando observamos com distância, o sofrimento, conseguimos discernir a sua causa o seu efeito, e por fim aos poucos e poucos o seu propósito, a lucidez de dar espaço permite-nos questionar o Coração e com isso atingir a iluminação pretendida. Quando somos atingidos por um vazio, por uma angustia, ou meramente por uma tristeza, a causa, o efeito, tendam a indicar a insanidade do mesmo. Não me interprete mal, mas todo o sofrimento, é (insano), digo-lhe do fundo do Coração, quando nos elevamos, quando transcendemos, e abrimo-nos a Vida, apercebemo-nos e, é nos revelado o porquê do sucedido, na maioria das vezes o sofrimento antecede o medo e receio desse mesmo efeito, ou seja no seu intimo, o Homem teme que a situação em causa lhe aconteça.

É claro que alegar a morte de um filho como algo que não causa sofrimento, é inconcebível, contudo, tudo acontece por uma razão, e o sofrimento esconde essa razão.

Digo esconde, pois a felicidade plena não existe nesta dimensão, e a consciencialização do crescimento individual de cada um, face a essa meta, o acompanha.

Todo o sofrimento é nos colocado à altura, e bem aventurados são aqueles que optam por não ignorar, e com isso, permitir o seu “crescimento” espiritual.

Vejamos o seguinte: Quando sofremos, o efeito consiste, todas as vezes, na crença por nós depositada, “A perda de um filho” terá certamente repercussões físicas e materiais, contudo é na crença, no Universo do não manifesto que reside o maior sofrimento. Poderá surgir em forma de emoção, sentimento, ou apenas pensamentos, o que é perfeitamente legitimo e normal, contudo é exactamente na aceitação deste sofrimento, que reside a “resposta”.

Atenção que crença, não significa que tenhamos que banalizar o sofrimento, é nos impossível, e nunca o devemos fazer, se existe sofrimento, ele não deve ser ignorado, nem tão pouco reprimido, devemos exteriorizar esse sofrimento, quer por forma de lágrimas e choro, ou por gritos de revolta, etc. Qualquer que seja o caso ele deve sempre ser exteriorizado, com isso está libertando energia, condicionada, energia que deve “arder” e transmutar-se, quando isso acontece um vazio surge, uma paz se antecede, como que um alivio, nesse período o Homem deverá contemplar todo o processo e com isso evoluir espiritualmente.

Cuidado que exteriorizar sofrimento, não deve ser confundido com alimentar e perpetuar com mesmo.

Apenas peço que pondere o seguinte: A sua Vida vale o que vale, é você que atribui o significado que é estar Vivo, porém deverá levar em conta que a Vida, lhe aparenta ter um começo e um fim, onde você se situa, ninguém sabe, apenas sabe que está vivo e a ler este texto. Face a isso mesmo, porque não se auto questionar, o porque das coisas estarem mal, o porquê que sofre, e o que esconde esse sofrimento.

Veja, se partirmos do princípio que Deus não quer que você sofra, e que não é a sua vontade sofrer, porque razão sofre o Leitor?

O sofrimento existe para o despertar, ele esconde o degrau na sua “evolução”, ele esconde o que o leitor tomava como “parâmetros” garantidos, e que afinal não é, e na maioria dos casos ele esconde um falso controlo, ou falso apego.

Todo o sofrimento esconde um desejo, e o desejo esconde a carência, e a carência esconde a falsa percepção de que você é incompleto. Não confunda desejo com satisfação, o desejo implica carência, e satisfação implica alegria. O desejo o conduz a roda-viva que é a auto perpetuação de carência, a satisfação o conduz a alegria que é estar Vivo.

Você não é incompleto, e tudo que lhe pareça ser incompleto, apenas existe com o intuito de o fazer ver o contrário. È um paradoxo, mas é exactamente a crença inicial que você deposita, em que isso poderia acontecer, ou não, que o leva a enfrentar essa ilusão. Quando o sujeito e Objecto se tratam por dualidade, o sofrimento surge, quando o sujeito e objecto cessam em existir, a plenitude se atinge.



Paz

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