domingo, 19 de abril de 2009

Quando a Vida desperta em “si”

Quando “despertamos” não existe propriamente alguém que desperta, pois o alguém é a ficção, não existe ninguém no mundo que possa afirmar, eu despertei, eu sou um iluminado, porque o “eu” individual não existe, o que existe como separado é o ego, a ilusão que somos um, separado do todo.

Inicialmente a ideia de não existir, como um indivíduo separado, é deveras assustador, sentimos como se nos tirassem um tapete debaixo dos pés, e com isso a “nossa” história tenda inicialmente a desabar, como se de um castelo de areia se tratasse, tendemos a virar costas e não querer sequer imaginar tal cenário. Este comportamento é de facto “normal” tendo em conta que a reacção parte do próprio ego, que não quer admitir a “sua” morte, a sua extinção face a realidade. Contudo algo mais em si o acompanha no processo do “seu” despertar, a vontade de querer viver mais pleno e glorioso, a vontade de saber e conhecer a verdade. Em simultâneo a tudo isto, existe também em “si” a certeza e a fé de que a Vida não lhe quer mal, e que o conhecimento da verdade, em nada lhe poderá magoar, e nisto se inicia o “seu” renascimento, voltar a nascer.

Quando paramos no tempo, no Aqui e no Agora, se excluirmos o passado, e o futuro, das “nossas” vidas, resta-nos apenas o presente momento, um momento do qual você está vivo e sabe que está vivo.

Ao olhar-mos para a Vida á nossa volta, sem rótulos, como se tudo fosse pela primeira vez, vemos apenas a Vida, formas animadas, que tendem a fazer parte da “sua” Consciência, tudo se apresenta dentro desse contexto, porque tudo existe dentro dele. Para existir algo na “sua” Vida o leitor terá que ter consciência desse algo. Porém a Consciência quando aceite, é algo infinito, e a realidade se apresenta bem mais mágica e infinita do que pensamos.

A resistência em saber a verdade, e SER a experiência da verdade, parte do ego. O ego receia a sua aniquilação, e face a isso a reacção é de defesa, e recolhimento, quando isso acontece pensamentos e questões são levantados, tais como:

Eu, não existo? Como pode isso ser possível? Só eu existo? E os meus pais a minha mulher os meus filhos? A ideia é deveras assustadora, como pode isto suceder, como pode isto ser possível?

Em primeiro Lugar, você existe, sempre existiu e sempre existirá, mas não como pensa, nem como julga, pois a percepção da verdade não se pensa nem se julga, VIVE-SE. Como pode ser isto possível? É possível, da mesma forma que é possível, o seu Coração bater sem você saber o porque. Quanto aos outros, os seus pais a sua mulher os seus filhos, nenhum deles é “seu” mas sim da Vida tal como “você”, o mesmo será dizer que “neles” está “você” na expressão divina que a vida quis demonstrar. O facto de ser assustador em nada retira verdade, assustador é sim, viver separado, com princípio meio e fim, assustador é viver sabendo que vai morrer e não saber o que é a morte, assustador é sim, viver sem saber o que é e quem é.

O facto de você não ser quem julga ser, e a separação ser ilusória, não significa que a vida perde sentido, pelo contrário a Vida ganha sentido, TUDO lentamente ganha sentido, tudo lentamente faz sentido, e muito sentido, inclusive o porque do mundo estar como está.

Mas será que a vontade cessa? Os objectivos cessam? Não, claro que não, a Vida é tudo menos cessar, é tudo menos parar, é um fluxo constante, do qual “tu” “eu” “nós” fazemos parte. Deus expressa-se através de “nós” a Vida expressa-se através de “nós”.

“Eu, tu, nós” somos a Vida, e queremos o “melhor” para a Vida.



Paz

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